ARTIGO
Mal-estar docente
JOSÉ A. FLORENTINO/ Professor, doutorando em Educação
Desde o início do ano, vêm sendo divulgado os problemas – que não são poucos – de nossa educação, principalmente no que diz respeito às relações interpessoais entre professores e alunos. O descaso e a questão da violência contra professores são antigos. Talvez por isso, esse problema ainda é motivo de discussões por diversos especialistas preocupados com a dimensão e o agravamento desse fenômeno violência nas escolas.Situações constrangedoras, como os relatos de agressões cometidos por alunos a professores, estão se tornando rotineiros. É a banalização da violência na escola. O professor virou “saco de pancada”. Todas as frustrações e os descontentamentos são descarregados na figura do professor. Tal fato só vem a demonstrar o caos da sociedade. Assistimos a uma dramática instabilidade dos valores tradicionais, de modo que, a não-reação, a não-resistência e a vulgarização da violência contra os professores têm se tornado algo normal.Um problema que se agrava é o mal-estar docente. Entende-se por mal-estar na docência os efeitos permanentes, de caráter negativo, que afetam a personalidade do educador como resultado de um ambiente negativo em que é exercida a profissão. Como consequência, podem ser observados sentimentos de insatisfação ante os problemas da prática educativa, o que tem levado muitos professores a abandonarem suas carreiras.Explicações para esse grave problema poderiam ser as mudanças sociais, culturais, econômicas e as exigências atuais da sociedade contemporânea sobre os professores. Isso tem modificado substancialmente o conceito de educação, a definição profissional da carreira docente e o papel que o professor deve exercer com relação a sua prática educativa. Poderíamos elencar ainda a falta de investimentos em políticas de educação, a má formação e a preparação de professores para lidar com essa nova realidade e as péssimas condições de trabalho.Hoje, o professor se vê obrigado a realizar uma atividade fragmentada, e deve atuar em diversas frentes: tem de manter a disciplina, ao mesmo tempo em que tem de ser simpático e afetuoso, de cuidar do ambiente de aula, de avaliar, orientar e organizar atividades extracurriculares e ser um pouco psicólogo, assistente social e, porque não, pai e mãe.A família – aquela que deveria ensinar os valores mínimos de convivência, de respeito ao próximo, de tolerância, de carinho, de amizade – está deixando de cumprir o seu papel e passa a responsabilidade para as escolas, melhor dizendo, para os professores. O que nossas autoridades têm feito para dar um basta a essa onda de violência? Não será preciso uma política de tolerância zero?
sexta-feira, 29 de maio de 2009
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